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ABES-SP: especialistas internacionais mostram experiências em evento sobre cruzamentos de redes de serviços públicos no subsolo

Encontro realizado no formato híbrido, nesta quarta-feira (28), abordou Métodos Não Destrutivos, Inteligência Artificial e Gestão de Ativos. Convidados destacaram desafios e soluções para esta área crucial no saneamento. Disponível no nosso canal no YouTube.

Nesta quarta-feira, dia 28 de fevereiro, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Seção São Paulo (ABES-SP) promoveu o Evento Internacional sobre Cruzamentos de Redes de Serviços Públicos no Subsolo, reunindo especialistas em Métodos Não Destrutivos (MND), Inteligência Artificial (IA) e Gestão de Ativos para discutir os desafios e soluções para essa área crucial no saneamento.

Realizado em formato híbrido, com participação presencial na sede da ABES-SP e transmissão online no canal do YouTube da entidade, o encontro teve apoio da Associação Brasileira de Tecnologias Não Destrutivas (Abratt) e da Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon Sindcon), além do patrocínio da Comgás e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Luiz Pladevall, presidente da ABES-SP, deu as boas-vindas aos participantes ressaltando a relevância do tema para os profissionais e prestadores de serviços do setor de saneamento. Ele aproveitou para parabenizar Sérgio Palazzo, secretário da Subseção Centro Paulista da ABES-SP, organizador do evento e responsável por reunir o corpo de especialistas internacionais para apresentarem suas contribuições na área e dirimir as dúvidas dos participantes. “Temos a participação de muitos profissionais que atuam com essas questões e sou um defensor de que precisamos melhorar muito nossos cadastros técnicos, devido principalmente à falta de integração das concessionárias para que tenhamos mais qualidade e um cadastro que reflita a realidade”, declarou.

A gestão eficiente de cruzamentos de redes subterrâneas é fundamental para garantir a segurança da população, evitar danos às redes e otimizar recursos. O encontro foi organizado de forma a proporcionar um espaço para o debate e a troca de experiências entre especialistas do Brasil e de outros países, contribuindo para o aprimoramento das técnicas e soluções nessa área. “Com este webinar esperamos alcançar um entendimento da importância dessas ocorrências no Brasil e olhando o que está acontecendo fora, o quanto os especialistas estão preocupados e o que podemos trazer para a nossa realidade no Brasil”, salientou Pladevall.

Para contribuir com o tema, foram convidados os palestrantes: Samuel Ariaratnam, especialista da Universidade Estadual do Arizona; Alan Leidner, membro do corpo de diretores do GIMMO da Prefeitura de Nova York; Tom Iseley, presidente da BAMI Institute; Heather Himmelberger, diretora da SW EFC, um instituto dedicado à gestão de ativos enterrados na Universidade do Novo México; Otto Ballintijn, CEO da Reduct; Eric Sullivan, diretor da Sewer AI; e Mark Bruce, presidente da Associação de Cruzamentos de Redes dos Estados Unidos (CBSA).

Sérgio Palazzo, por sua vez, explicou a dinâmica do evento, com a sessão de perguntas sendo efetuada ao fim de cada palestra, e destacando que neste tema, observando alguns países da América Latina, avançamos muito, até mais do que no Brasil, mas ainda há muito que ser feito. Em sua apresentação ele propôs uma reflexão sobre o tema a partir do que foi apresentado neste encontro internacional. “Minha primeira colocação é de que não somos muito bons na administração dos nossos ativos aéreos, conferindo uma crise institucional e organizacional que está acontecendo com as redes aéreas. Temos tido frequentes acidentes nessa área e por causa disso está se pensando, há 25 anos, em tirar tudo o que está no poste e enterrar no chão. Eu tenho uma séria dúvida sobre a eficácia dessa ideia porque se onde enxergamos está assim, imagine longe dos nossos olhos como é que vai ser?”, observou, mostrando uma imagem de Nova York que correu o mundo sobre a problemática que é o subsolo dessa grande cidade, entre outras considerações sobre diversas experiências e tecnologias utilizadas para estruturar os ativos no subsolo.

1º Bloco: lições aprendidas, legislação e ações para prevenção

Iniciando a programação, a primeira parte dos trabalhos contou com participação de Samuel Ariaratnam, da Universidade Estadual do Arizona, que fez a palestra sobre “O cruzamento de redes no subsolo, nos EUA, entre gasodutos e coletores troncos de esgoto”. Com base em sua experiência em prevenção de danos e aspectos da Perfuração Horizontal Direcional, ele abordou os riscos e acidentes resultantes de tais travessias, o que deve ser tratado com equipes de HDD, projetistas e proprietários de dutos.

Na sequência, foi ministrada a palestra de Alan Leidner, representante da prefeitura de Nova York, sobre o tema “A Experiência com dutos enterrados logo após o colapso das Torres WTC”. O especialista, que representa a GISMO, empresa de Sistemas de Informação Geoespacial de Nova York, assumiu o Escritório de Crise logo após o colapso, ele falou sobre a iniciativa SIG no 11 de setembro, tratando sobre a sua experiência em relação à rede de dutos enterrados na região do colapso, a serem gerenciados para reduzir o impacto de riscos maiores.

Sérgio Palazzo aproveitou a sessão de perguntas para esclarecer o cenário no Brasil em relação ao que foi apresentado na palestra de Alan Leidner, com destaque para a legislação brasileira, mencionando a primeira norma de Método Não Destrutivo para o Furo Direcional, a 17.004. “Já temos condições, inclusive, de acionar o empreiteiro que estiver executando uma obra fora das condições previstas na legislação. A norma da ABNT dá um poder jurisdicional, por exemplo”, citou.

Para a palestra sobre “BAMI – I – Gestão de Ativos Enterrados: Uma maior proteção contra o cruzamento de redes no Subsolo”, o encontro internacional contou com a participação de Tom Iseley, CEO e presidente da BAMI I – Instituto de Gerenciamento de Redes Enterradas. Ele apresentou seu Grupo de Trabalho na Purdue University, explicando, entre os seus apontamentos, a definição de Gestão de Ativos em Água e Esgoto, visando aumentar a vida útil e diminuir os custos de manutenção, enfrentando a falta de recursos naturais do setor. Iseley mostrou os desafios com as redes enterradas, que só serão vencidos com a Gestão de Ativos Enterrados, entre outras considerações que fez sobre o tema, em relação aos riscos sem a Engenharia de Redes Subterrâneas, os níveis existentes nas Normas ASCE e outras informações técnicas.

Palazzo aproveitou a apresentação para informar que o grupo participante deste evento internacional está propondo a reunião de todas as entidades que utilizam o subsolo e todos os parceiros que de alguma forma tem que intervir no subsolo. “O Tom Iseley propôs, já há alguns, meses trazer esse curso que ele dá nos Estados Unidos para o Brasil. É um curso com uma certificação em quatro níveis e teríamos a oportunidade de entender como lidar com as redes abandonadas e também com as redes em carga e conhecidas”, mencionou.

A palestra sobre “Desmistificando a Gestão de Ativos para Melhorar a Implementação” contou com a participação de Heather Himmelberger, diretora da SW EFC, que mostrou os principais recursos tecnológicos e os fundamentos e maneiras de implementar o gerenciamento de ativos enterrados de uma forma mais simples como pôr em marcha esse tipo de programa obtendo uma maior e mais relevante aceitação da prática.

2º bloco: novas tecnologias e avanços da IA em prol dos serviços de saneamento

Na segunda parte dos trabalhos, os participantes assistiram às apresentações de Otto Ballintijn, CEO da Reduct, uma empresa Bélgica. Ele inventou a sonda inercial para coletar dados de tubulações de esgoto por gravidade e mostrou em sua palestra o tema sobre “As Built e quão confiantes elas são, e como podemos melhorar”, na qual ele objetivou mostrar uma perspectiva diferente sobre a questão dos furos cruzados, por isso focou sua apresentação na importância de ter um as-built preciso ou a localização real de uma infraestrutura para auxiliar ou ajudar a evitar furos cruzados, entre outros recursos remotos que ajudam a avaliar remotamente a qualidade de um processo as-built em novas tubulações, sem escavações, por exemplo.

Com o conteúdo trazido por Otto Ballintijn, Sérgio Palazzo lembrou que divulgamos todos os métodos, conhecemos a maioria das restrições que cada um dos métodos têm, assim os Métodos Não Destrutivos não são uma solução para todos os casos, mas temos que usar o método adequado para que possamos obter o melhor resultado das tecnologias que estão disponíveis.

Em seguida, foi realizada a palestra de Eric Sullivan, diretor da Sewer AI e especialista em IA para análise de imagens de CFTV. O especialista desenvolveu uma plataforma para análise de imagens de vídeo coletadas. Por meio desta tecnologia, os coletores de esgotos são filmados com robôs e geram uma quantidade enorme de imagens. Com essas imagens, a tecnologia faz as análises permitindo um resultado melhor do sistema de esgotamento sanitário e, principalmente, dos coletores de grandes diâmetros, ajudando a solucionar vários casos em que é necessário arrumar as tubulações, entre outras atividades. Com este enfoque, ele abordou o tema “Como a IA pode nos ajudar a conhecer melhor a integridade da tubulação de esgoto”, na qual mostrou como é difícil para os olhos humanos verem e interpretarem os defeitos nas tubulações de esgoto resultantes de uma enorme quantidade de Terabytes gravados pelas câmeras de CFTV.

Para encerrar a programação do dia, Mark Bruce, presidente da CBSA, abordou o tema “Associação de Segurança Cross Bore”. O convidado mostrou por que foi necessário ter uma Associação para cuidar do cruzamento entre dutos no subsolo e apresentou as principais práticas para redução de riscos de perfuração cruzada, ressaltando a segurança na distribuição de gás, entre outras orientações.

Os especialistas fizeram suas considerações finais e ressaltaram a importância do evento para compartilhar as informações atualizadas e experiências internacionais que estão em andamento e seus bons resultados. Confira aqui as apresentações dos palestrantes.

Para Luiz Pladevall, presidente da ABES-SP, o tema trouxe uma excelente contribuição para o setor brasileiro. 

O evento internacional pode ser assistido na íntegra no canal da ABES-SP no YouTube:

Para mais fotos, acesse o site da ABES-SP