Pesquisadoras revelam como inteligência artificial e análise de dados conseguem identificar ligações irregulares e reduzir perdas nos sistemas de abastecimento
No 11º Seminário Nacional de Gestão de Perdas de Água e Eficiência Energética, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) nos dias 12 e 13 de agosto, em São Paulo, um dos destaques da programação será a apresentação de estudos inéditos sobre como a tecnologia pode se tornar aliada no combate ao consumo não autorizado de água.
As pesquisas, coordenadas por Andreza Kalbusch e Elisa Henning, da Universidade do Estado de Santa Catarina, em coautoria com Kairo Pereira Teodoro da Silva e Marcos Roberto Stramari, analisaram mais de 42.000 unidades consumidoras em Joinville (SC) e 1.400 unidades consumidoras em um DMC da cidade. O objetivo: identificar padrões suspeitos que indiquem fraudes como ligações clandestinas, by pass ou violações em cavaletes e hidrômetros.
Com o uso de modelos estatísticos e algoritmos de aprendizado de máquina, as pesquisadoras alcançaram resultados considerados promissores: os modelos acertaram até 88% das detecções de consumo irregular. Entre os principais fatores de risco mapeados estão consumo nulo por mais de dois meses, quedas abruptas na medição, falta de padronização nas ligações e reincidência em multas por violação.
“Os modelos que estamos desenvolvendo, além de contribuírem para o avanço do estado da arte no tema de detecção de consumo não autorizado em sistemas de abastecimento de água, permitem a identificação dos fatores que influenciam a ocorrência de fraudes, contribuindo para redução de perdas e para o aumento do desempenho técnico-operacional das concessionárias”, afirma Andreza Kalbusch.
Já Elisa Henning destaca que, além da eficiência técnica, o uso de algoritmos também pode otimizar recursos. “Trabalhar com dados históricos e georreferenciados permite às concessionárias mapear áreas críticas, priorizar fiscalizações e reduzir perdas com mais agilidade e menos custo”, explica.
O tema se insere em um desafio estrutural do país: o Brasil perde, em média, 40% da água potável antes que ela chegue às torneiras, segundo dados do Instituto Trata Brasil. A micromedição e a detecção precoce de fraudes são peças-chave para reverter esse cenário.
“O setor precisa olhar para essas tecnologias como instrumentos de justiça hídrica”, afirma Marcel Sanches, presidente nacional da ABES. “Cada litro de água perdido representa menos segurança para a população e maior pressão sobre o meio ambiente. A inovação é o caminho mais seguro para tornar o sistema mais eficiente e sustentável”.
O painel integra a programação do seminário promovido pela ABES, que reunirá especialistas de todo o país para discutir estratégias de redução de perdas, eficiência energética e transformação digital no saneamento.
SERVIÇO
11º Seminário Nacional de Gestão de Perdas de Água e Eficiência Energética no Saneamento
Data: 12 e 13 de agosto de 2025
Horário: 9h às 18h
Local: Hotel Intercontinental – São Paulo (SP)
Inscrições e programação completa: www.seminarioperdas.com.br
Sobre a ABES
Fundada em 1966, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental é uma das mais tradicionais e influentes entidades do setor de saneamento e meio ambiente no Brasil. Com representação nacional e atuação em todos os estados, a ABES promove conhecimento, articulação institucional e capacitação técnica com o objetivo de contribuir para a universalização do saneamento e o desenvolvimento sustentável do país.
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